Na prisão, Pezão tem café com leite e pão com manteiga, precisa andar em fila indiana e não pode circular livremente

Garçons do Palácio Laranjeiras servem o último café da manhã a Pezão antes de ser levado preso — Foto: Reprodução/TV Globo

O cardápio do café da manhã do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), na manhã desta sexta-feira (29), na unidade prisional da Polícia Militar, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, é bem mais simples que o do dia anterior, servido em bandejas por garçons do Palácio Laranjeiras.





Na manhã desta sexta, Pezão teve à disposição café com leite e pão com manteiga, que é posto no rancho (refeitório do quartel) e onde os presos precisam se servir.

Na manhã de quinta-feira (28), quando os agentes da Polícia Federal chegaram ao Palácio Laranjeiras e surpreenderam o governador com a ordem de prisão, ele pediu que os policiais esperassem para que ele pudesse tomar o café da manhã.

Por ser governador do estado, Pezão tem direito a ficar sozinho em uma sala especial, com cama e vaso sanitário. Mas ele precisa cumprir as demais regras da prisão, como andar em fila indiana e tomar banho de sol pelo menos uma vez por dia.





Pezão chegou à unidade no fim da tarde e teve direito à refeição noturna: arroz ou macarrão, feijão, farinha, uma carne, legumes, salada, sobremesa e refresco.

Caso optasse por um lanche, Pezão teria direito a um copo de guaraná e pão com manteiga ou bolo.

Restrição de circulação
Todo preso tem de se submeter a uma triagem quando entra no sistema carcerário. O detento precisa ser avaliado por médico, dentista, assistente social e psicólogo antes de ser liberado para frequentar mais livremente os ambientes da unidade.





A triagem pode durar uma semana - nesse período, Pezão não pode circular livremente.

A PRISÃO

A força-tarefa da Lava-Jato bateu à porta do Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Executivo fluminense, às 6h desta quinta-feira. Cumpriam mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, onde governadores têm foro.

Pezão chegou pouco antes das 8h à Superintendência da Polícia Federal no Rio, na Praça Mauá, onde prestou depoimento e fez exame de corpo de delito. No fim da tarde, foi transferido para sala em quartel da PM em Niterói.

AS ACUSAÇÕES

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Luiz Fernando Pezão operava esquema de corrupção próprio. Apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental na organização criminosa do ex-governador, Pezão passou a orientar seus próprios operadores financeiros.





Há registros documentais, nos autos, do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 39 milhões no período 2007 e 2015.

As investigações apontam que o governador integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro.

Raquel Dodge, procuradora-geral da República, afirma que o esquema perdurava até os dias atuais, sobretudo na lavagem de dinheiro - daí a necessidade da prisão.

SUCESSÃO E TRANSIÇÃO

O vice-governador Francisco Dornelles, de 83 anos, assumiu automaticamente o governo do estado. Por volta das 11h de quinta-feira (29), Dornelles já estava no Palácio Guanabara, sede oficial do governo do RJ, despachando.





Já o governador eleito Wilson Witzel (PSC) assegurou que o processo de transição não será afetado. Witzel disse também que confia na Justiça e na condução dos trabalhos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pela Polícia Federal.

“A transição não será afetada. A equipe do governador eleito seguirá trabalhando para mudar e reconstruir o Rio de Janeiro”, afirmou o governador eleito.

De acordo com Witzel, a partir de janeiro ele vai determinar um pente-fino nos contratos da gestão de seu antecessor.

UM ESTADO NA CADEIA

Com a prisão de Luiz Fernando Pezão nesta quarta-feira (29), quatro dos cinco governadores eleitos de 1998 e 2018 no Rio de Janeiro foram ou estão presos. Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus foram presos quando já não eram mais governadores do RJ. A exceção é Wilson Witzel, que toma posse em 1º de janeiro de 2019.





Nos últimos anos, as prisões atingiram a cúpula do poder no Rio de Janeiro. Foram presos todos os presidentes da Assembleia Legislativa de 1995 a 2017, dez dos 70 deputados estaduais, cinco dos seis conselheiros do Tribunal de Contas do Estado e o Procurador-Geral do Ministério Público Estadual.

Veja a lista de prisões nos últimos anos no RJ:

4 governadores eleitos: Anthony Garotinho, Rosinha Matheus, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão;

Todos os presidentes da Assembleia Legislativa: Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Paulo Melo;

10 dos 70 deputados estaduais: Jorge Picciani, Paulo Melo, Edson Albertassi, Coronel Jairo, Luiz Martins, Chiquinho da Mangueira, André Corrêa, Marcelo Simão, Marcos Abrahão e Marcus Vinícius Neskau;

5 dos 6 conselheiros do Tribunal de Contas do Estado: Aloysio Guedes, Domingos Brazão, Marco Antônio de Alencar, José Gomes Graciosa e José Maurício Nolasco;

Procurador-geral do MP do RJ: Cláudio Lopes.

O QUE DIZEM OS CITADOS

O governo do Estado do Rio não comentou especificamente a prisão de Pezão. Emitiu nota informando que, "de acordo com o artigo 140 da Constituição estadual, a chefia do Poder Executivo passa a ser exercida, a partir desta quinta-feira (29/11), pelo vice-governador Francisco Dornelles".





"O governador em exercício afirma que o Governo do Estado do Rio de Janeiro manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo, reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com os demais Poderes do Estado", prossegue a nota.

O MDB comunicou que "acredita que os processos legais e as investigações restabelecerão a verdade".





Em defesa de seu líder de chapa, Dornelles disse se tratar de "uma violência contra Pezão".


Fonte: G1

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